Aconchego
LisVera
Ó
Pai, sei que estás em algum lugar...
cumprimentando as ondas do mar,
realçando o verde da
natureza,
redirecionando o vento ou
simplesmente, me
ouvindo.
Sei que já disse tanto,
em tantos momentos obscuros de minha vida.
Porém, sei
também,
que deva ter fechado os ouvidos para tantas
besteiras...
Ó Pai,
sei que a teu lado, não sentiria mais medo, só
paz!
E a paz que sinto agora seria não breve, mas
infinita!
Quantos dias ainda sentirei titubear-me?
Trilho vidas e vidas... e pouco aprendo!
Mas a paz me conforta ainda....
ainda há esperanças
talvez!
E nessa quimera de luz, me julgo pequena perante o
fardo!
Não entendo que cada caminho tenha um real significado.
Pobre alma desnuda, ferida vive e
implora...
Mas... tem a paz!
Pedacinho que Deus nos envia para que saibamos como é estar ao seu lado,
mas a nossa, ainda é só uma plantinha
convém que a reguemos não com nossas lágrimas,
mas sim com a água fluidificada de nosso amor ao próximo.
Amor esse modificado, instantâneo e preciso!
Amor expandido a todos os seres...
que encerram em si as dores do mundo, o abandono, as traições!
Sim, todos os seres abandonados de alguma forma são traídos!
Quantos seres ouvem que são amados...
e depois largados em qualquer esquina.
Animal homem, animal cão, animal gato,
todos que experimentam a parte mais cruel de um ser humano,
trazem sempre o mesmo olhar do frio abandono...
todos eles.
Mas, a paz um dia vem... não há
pressa.
Não há hora nem dia
marcados...
Vem com as mãos abençoadas de gente pura, ou vem
nas mãos frias da morte
ainda...
Mas vem...
e nos carrega com ela para lugares de que não nos
lembramos.
Ó Paz, sei que estás em algum lugar...
Elisete Mancuzo Vera