Lata Velha
Má Oliveira
 
 
O meu lata é velhinho,
mas eu o amo de paixão,
pois apesar de estar acabadinho,
jamais me deixa na mão...
 
De "ABENÇOADO" foi batizado,
pois só Deus o faz parar,
nem sabe se tem combustível,
nem nota se um pneu furar...
 
Ele era tão belezinha,
quando a gente o comprou,
hoje tem tantos probleminhas...
que o LOGUS virou DEMOROU...
 
Foi no abençoado que a minha vida mudou,
pois no banco de traz,
a caminho do hospital...
Papai Gil, nos deixou...
 
Mas também levados por essa "caranga!
coisas boas conquistamos.
Com ele vamos ao trabalho ou festas,
pros olhares indignados...
nem ligamos!!!
 
E foi levado nele que o Luquinhas
a este mundo chegou.
Entendem porque o "abençoado",
tão especial se tornou?
 
Noite dessas quase enfartei:
deixei o "abençoado" estacionado
e quando voltei...
no lugar, uma BMW encontrei!!!!
Jesus!!!!
que pesadelo horrível!
Graças a Deus que acordei!
corri na garagem e o olhei...
mandei beijinhos
e de novo me deitei!
 
Ele é tão companheirão
e na estrada, de fé, me contagia...
se a temperatura sob demais.
Bastam dois Pai Nosso e uma Ave Maria.
 
E assim vamos vivendo,
em perfeita harmonia!
Não reclamo das engasgadas dele
e ele não me cobra a funilaria...
 
Pensei em escrever pro Huck
e uma recauchutada implorar,
mas vai que ele me atenda...
quem irá aguentar eu cantar?
Só se esse "galho" a Dea me quebrar...
 
E se amor não tem sexo...
apresento-lhes meu grande amor:
Logus 94, vinho (essa já foi a sua cor),
aquele que nunca me decepciona
e me acompanha na alegria ou na dor.
 
 
Publ. Recanto da Letras 16/12/11 - CódTexto T3392966