"Réstô
dontê"
Má Oliveira
Natal passou, com a ceia, a família se
deliciou!
Mas e agora, o que fazer com tudo que
sobrou???
O arroz com passas e a maionese, é melhor um
velório providenciar,
pois no dia seguinte, o sabor começa a
mudar...
É necessário uma mutação iniciar, pois o "já te
vi",
ninguem vai
aguentar...
O bacalhau vira croquete, o peru um
guisadinho...
O pernil posso desfiar e fazer um
escondidinho...
O problema é o como reformar o cupim que
sobrou...
Essa montanha de comida, quem foi que
inventou?
Com certeza um daqueles que na beira da pia nem
chegou...
Frutas, em suco se
transformando...
os croquetes vou
congelando...
E o "bendito" do
cupim,
em nada me
inspirando...
Eu queria mesmo, meus emails estar
respondendo...
mas um pouco que estive no
pc,
os legumes na manteiga acabei
esquecendo...
e foi o fundo da panela que quase acabou
derretendo...
E ainda tem o tal cupim, que continua me
enlouquecendo...
é preciso mudar o pudim de
travessa,
pois a calda tá
escorrendo...
melhor "faxinar" as verduras, porque na geladeira
nada mais tá
cabendo...
Panetones vão para uma só lata, para espaço
desocupar,
de onde surgiram essas
linguiças???
alguem saberia
explicar?
E o cupim continua encima da pia, a me
espreitar...
Cogumelos, brócolis e torradinhas, novas caras vão
ganhando.
expio de canto de "zóio" e o cupim tá me
observando,
melhor tirar a faca de perto
dele...
vai que o Hitchcock está nos
filmando...
Pausa para um cigarro e uns emails
responder.
o mouse ficou meio
besuntadinho...
mas acho que vai
sobreviver...
Na cozinha, as louças sujas já estão
brigando
o microondas ligou no sindicato
reclamando,
"trabalho escravo" foi o que o ouvi
alegando...
e o cupim já tá me
enervando!
e logo agora a campanhinha
tocando!!!!!!
Deus é providencial!
Um pedinte querendo sobras de
natal!
Embalo bem o cupim e lhe dou um
xau!
À noite, com o cérebro mais
descansado,
o cupim é lembrado...
e, caramba!
Eu podia, num risoto, tê-lo
transformado!
Mas o ano novo tá aí, a comilança vai recomeçar
e,
mais uma vez a imaginação vai ter que
aflorar,
e novo "réstô dontê" vou ter que improvisar.
Publ. Recanto das Letras - 28/12/11 - T3410310