De repente, Curitiba!

Má Oliveira

 

 

Está semana deparei com uma noticia assustadora:

"PR e Curitiba lideram mortes de homossexuais, diz grupo gay da Bahia (GGB)"

 

Me assusta pensar que o ser humano continua tão preconceituoso,

mesquinho, fútil, animais...

 

Por que tanta intolerância?

Espancam negros, índios, gays, nordestinos, judeus...

Por que o Ser humano não consegue respeitar a individualidade do outro?

E não falo apenas dos "Skinheads"...

Tem, entre outros, aquela vizinha sempre espreitando, falando...

 

Tive um Professor que todo semestre entrava na sala de aula e fazia

a sua apresentação da seguinte forma:

Meu nome é (suprimido), sou Paulistano e Heterossexual!

Aguentei péssimas aulas com esse sujeito, por quatro semestres...

Ele falava "que seje" e "é óvio"...

(Putz! agora todo mundo já sabe de quem estou falando)

Pior do que conviver com seu portugues doloroso,

era aturar sua homofobia escancarada!

Pelos corredores, corria a boca miúda, que ele era gay...

Mas todo semestre a apresentação era a mesma "sou Hetero"

talvez ele repetisse muito isso, tentando convencer a si mesmo...

 

Ainda em época de colégio, presenciei uma cena marcante,

uma aluna, Glaucia,

usava um lencinho bordado com sua iniciais "GLS"

(sou da época que meninas carregavam lencinho)

Um dia, uma professora explicou pra ela que ela não deveria nunca mais

usar nada com as iniciais de seu nome, porque era palavrão.

Éramos tão jovens (e tontas)...

levei algum tempo pra descobrir que o tal palavrão,

não era palavrão "porra" nenhuma!

 

Por que falar desses professores?

Apenas lembrei que a homofobia era (ou ainda é) pregada diariamente e livremente!

Tá na mídia, nas escolas, igrejas, ruas...

 

Quando surgem casos de educadores pedófilos a mídia "caí matando",

alegando que deveria haver uma avaliação psicológica

para contratação de professores.

Penso que passou da hora de haver tal avaliação!

Afinal, querendo ou não, eles acabam sendo formadores de opiniões,

acabam convivendo horas com nossos filhos

e incutindo conceitos e preconceitos...

Pedofilia não é a única violência a ser avaliada...

 

Que me desculpem os educadores...

Talvez só eu tenha tido a infelicidade de ter tido alguns professores "babacas"...

e mais infelicidade ainda, em ainda lembrar deles...

 

Curitiba é uma cidade linda, rica em arte e cultura,

conhecida por sua qualidade de vida,

pelo excelente padrão em educação e transporte.

Hoje vemos Curitiba encabeçando uma lista de dor,

não apenas a dor da morte, mas a dor do preconceito,

da intolerância...

 

Quando eu estava grávida do meu primeiro filho,

perguntei ao meu pai:

Você prefere menina ou menino?

Ele me disse: Prefiro vivo e feliz!

 

Homossexualidade não é doença,

Homofobia sim.

Trate-se já!!!!

Deixe as pessoas viverem suas vidas e serem felizes!

Faça o mesmo, você vai se sentir ótimo!

Talvez até decida assumir sua sexualidade...

 

 

Pensei agora numa frase de Oscar Wilde, quando ele diz:

"Egoísmo não é viver à nossa maneira,

mas desejar que os outros vivam como nós queremos.”

 

Vá cuidar da sua própria vida.

Respeite a vida alheia,

respeite o amor e suas diversas formas de existir,

ser e se expressar

 

Este é o mundo que estou deixando pros meus filhos e netos,

exijo dos senhores formadores de opinião,

como professores, jornalistas, escritores e etc.,

mais compostura e bom senso.

Não que isso vá suprimir a homofobia do universo,

mas já é um começo...

 

Dia 17 de maio, é o dia do combate a homofobia,

é um único dia...

Todo ano, você tem mais 364 dias para combater esse horror.

Aja enquanto a sua cidade não está no topo da lista,

pois o problema não está em Curitiba,

ela apenas recebeu esse triste premio...

 

Como agir?

Não sei, sinceramente eu não sei...

Mas, penso que uma forma de por isso em prática

é começar não fugindo do assunto,

abrindo a mente ...

respeitando a individualidade dos demais.

 

 

Lindo dia pra você, que combate a homofobia !

 

 

 
Publ. Recanto das Letras - 11/03/2010 - Cód Texto 2132213
 

mid: I LIKE THAT - Shane Mack

abertura do filme "De repente, Califórnia"