Colegas! E que
filme!
Má
Oliveira
Passei semanas convidando aos
amigos para irmos assistir "Colegas, o Filme".
Sexta-feira, primeiro de
março, as 18:00 hrs entramos no Cine Esplanada.
É... eu realmente queria ser
uma das primeiras a assistir ao filme.
E durante toda a exibição, não
passamos de umas dez pessoas na sala...
Meu estômago até
doía...
Mas ao sabor da doce voz de
Seu Arlindo (Lima Duarte), fui me soltando,
fui conhecendo a estória de
vida de Marcio, Aninha e Stallone,
suas origens, seus
abandonos...
seus sonhos!
Fui me deixando levar pelo
encanto e leveza de três jovens que queriam tão pouco da vida!
Ver o mar, voar e casar!
Ao som de Raul Seixas, me
lembrei da primeira vez que vi o mar...
Alternava em emoção e
riso...
Ri com os amigos que tentam
despistar a policia...
Ri ainda mais com as
trapalhadas dos detetives!!!
Fiquei indignada com os
pré-julgamentos, a distorção dos fatos
e todo preconceito que
ainda existe
e que é muito
bem retratado na trama.
De uma forma sutil fui levada
a diversos outros filmes,
alguns que eu já nem me
lembrava mais...
Outros que me trouxeram
recordações de antigos momentos
no escurinho do
cinema!
Mas acima de tudo pude ver
como jovens amados e apoiados podem tudo!
Lembrei do amor de Muriel por
Rita e imaginei o orgulho que ela sente da filha!
Lembrei-me de quando soube do
casamento de Ariel e Rita...
E, com um olhar na tela e
outro no coração,
assisti a um dos mais
saborosos filmes dos últimos tempos!
Meu marido "sempre" dorme no
cinema, mas não o vi piscar um só segundo,
atento a tudo, admirado com a
competência dos atores,
encantado com o que via e
envolvido no filme.
Não preciso nem dizer que isso
encheu meu coração de emoção!
Meus únicos pensamentos
eram:
Eles venceram!
O cinema está
vazio...
Depois de rir, chorar e me
emocionar, saímos de mãos dadas pelos
corredores vazios do cinema,
nos despedimos da recepcionista,
meus olhos ainda
molhados...
Mas fui arrancada dos meus
pensamentos por um vozerio sem fim!
Dezenas de pessoas
enfileiradas, aguardando a próxima sessão iniciar!
As pessoas falavam com a
gente, queriam saber o que tinhamos achado do filme,
estavam ansiosíssimas para
entrarem!
Diversas crianças e jovens com
Síndrome de Down,
aguardavam sorridentes e
eufóricos, a sua vez de entrarem.
Enquanto eu falava com uma
senhora, explicando-lhe minhas lágrimas,
as quais foram impossíveis de
conter na hora que o Márcio, ops!
Não vou contar,
né?
Então, um jovem com Síndrome
de Down, me repreendeu:
"você demorou demais pra
sair",
havia uma reprovação em
sua voz, como se eu estivesse atrasando seu
momento de desfrutar do filme,
ri emocionada!
É... eu apenas havia chegado
cedo demais!!
Eu não vou fazer um
convite para que assistam ao filme,
eu vou lhes recomendar o
filme.
Pois agora eu posso lhes
dizer, vale cada segundo!
Este não é um filme que mostra
a Síndrome de Down e suas lutas,
mas que retrata que
todos temos sonhos, inclusive aqueles que achamos que
são diferentes!
É uma amostra de que os
sonhos podem ser
realizados!
Dispam-se de preconceitos, não
com a Síndrome de Down,
mas do cinema
nacional.
Prestigiem esse filme,
divirtam-se e emocionem-se!
Muito obrigada, Marcelo
Galvão, você me deu um lindo presente!
Publ. Recanto das
Letras - 04/03/13 - Cód Texto T4170911