Deixa o povo falar...

Má Oliveira

 

 

Não adianta eu tentar explicar

tão mais fácil é me cobrar...

mais fácil até do que me escutar,

bater o martelo é mais simples do que me apoiar...

 

Deixe que me crucifiquem e chamem de perdão,

o que pra mim é agir com bom senso e usar a razão,

 

Deixe que venham os dedos em riste,

e só saibam falar das coisas tristes,

de toda essa situação...

 

há almas em eterno inverno

que são incapazes de lembrar-se do verão... 

 

Não se preocupe,

não me importo com as costas que me é dada,

nem com a pedra em minha direção atirada,

tenho outra evolução...

 

Disso tudo tirei mais uma lição,

não dividir dores e assim,

evitar mais uma decepção...

 

Deixe que me achem uma santa,

capaz de tanta benevolência,

possuidora de tão grande amor e

capaz de tamanha resignação...

 

Deixe que fiquem indignados,

imaginem-nos abraçados,

em lençois desalinhados,

enlouquecidos de paixão...

 

isso só prova que não me conhecem,

muito menos ao meu coração...

 

Estou até gostando que me achem tão boazinha...

que não saibam o quanto eu me sinto sozinha...

que não me estendam as mãos...

 

aprendi apreciar meu vinho em silencio

e usar meias de lã

botei mais um edredom na cama,

mas ainda me perco no colchão...

 

Estou fazendo aquilo que acho certo,

e se isso inclui, às vezes, ter você por perto

deixe que chamem de perdão...

 

o importante é que você sabe que não...

apesar de toda minha evolução,

ainda não aprendi essa lição...

 

e você não facilita em nada

pra isso acontecer,

pois a cada dois passos teus

três, eu tenho que retroceder,

se não quiser me aborrecer...

 

Não se abale com toda essa falação,

eles não sabem que você não faz nada pra

merecer meu perdão e,

muito menos, pra ter de volta,

o meu coração...

 

Desculpe não ter te respondido antes,

mas eu trabalho...

apesar de tudo que passa na sua fértil imaginação...

 

 

 

Publ. Recanto das Letras - 09/09/2010 - CódTexto 2488361