Judith

 Má Oliveira

 

 

O rosto miudinho, olhinho agitado

Risinho tímido,

que jamais me foi negado

 

Na travessa de louça pintada,

a borbulhante sopa de feijão

e no natal sempre presente

teu purucante leitão

 

Ainda sinto o cheiro bom da cozinha

O gosto forte da gemada

Ainda lembro do romeu e julieta

e da tua macarronada

 

de bater delicadamente

o saboroso pudim de nata,

das frutas cristalizadas

na Siciliana Cassata

 

Que saudade do teu colo

Da polenta, da porpeta

De quarar roupa na grama...

 

nas noites fria, quando me punha dormir na tua cama...

Era tudo tão quentinho...

graças ao acolchoado

feito de retalhinho

 

No sofá vermelho intenso

O crochê me ensinou

Aplaudindo cada pontinho

De mais esta herança que me deixou...

 

Bibelôs em miniaturas

Enfeitavam o teu lar

Margaridas, cravos e rosas

Espalhavam perfume no ar...

 

O pé de primavera, ficava junto ao portão

Eu avistava de longe e quanto mais perto chegava

Mais acelerava meu coração

 

Tuas simpatias,

Gostavas de ensinar

Foi contigo que aprendi a rezar

Chuva forte se corta com um punhado de sal

basta um “anjinho” ir ao quintal jogar,

e lá ia eu, aquela chuva encarar...

 

 

Ai que saudade, Vózinha...

Ai que saudade sem fim...

mesmo sabendo que daí de cima cuidas de mim...

que saudade

De te ouvir pela casa cantando

“La gigiota la ga um bambim”

 

 

Publicado no Recanto das Letras em 04/07/2007
Código do texto: T551781
 
 
Meus agradecimentos à Juliana do Grupo Folclórico La Bella Italia (http://www.labellaitalia.com.br/), onde pude obter a música.
 
 
 
La Gigiota

Eu casei com uma italiana que veio la de Turim
A coisa melhorou muito, ficou tudo bom pra mim
Quando nasceu nosso filho, a festa não tinha fim
Convidei a italianada pra cantar uma moda assim

Refrão
La gigiota la ga um bambim
Que belim má que belim
Que boquim, que bel nazim
E la gigiota la ga um bambim

A minha italiana é linda e trata muito bem de mim
Almoço macarronada, polenta com codeguim
De novo em nossa casa a cegonha traz pra mim
E nós vai canta de novo aquela cantiga assim

La gigiota la ga um bambim
Que belim má que belim
Que boquim, que bel nazim
E la gigiota la ga um bambim

A minha italiana deseja, que seja sempre assim
Eu tenho que gostar dela, pois ela gosta de mim
Quando volto do trabalho, seus carinhos não tem mais fim,
Eu pego o menino no colo, e nós junto canta assim

La gigiota la ga um bambim
Que belim má que belim
Que boquim, que bel nazim
E la gigiota la ga um bambim

Daqui uns vinte anos, se as coisas seguirem assim
Eu e minha italiana, já temos vinte bambins
Mas até lá minha gente, os anos que estão pra mim
E nós vai cantá de novo aquela modinha assim

La gigiota la ga um bambim
Que belim má que belim
Que boquim, que bel nazim
E la gigiota la ga um bambim