Medo
Má Oliveira
hoje tive
medo
medo de voltar do trabalho e
não te encontrar
medo de não
voltar...
medo de não ver mais o riso
puro dos teus seis anos
medo de não ver a beleza dos teus alegres vinte quatro anos
medo de não te ver completar dezessete anos
Então, lembrei-me de teu
casamento...
tive medo de não ver teus
frutos chegarem..
Enquanto trabalhava pensei
no teu feijão
no teu carinho, na tua
dedicação
senti medo de não te ver de
novo,
de não ter tempo pra te
agradecer por tudo,
desde a minha
geração...
O medo me
consumiu...
desesperei-me por noticias
daquele amigo que há muito partiu,
de não sentir mais aquele
abraço...
de ter como companheiro só o medo que surgiu
Veio o medo de não mais
dividir contigo meu travesseiro
de teu pijama amanhecer
já dobrado...
De não acordar com aquele
teu café fraco e gelado,
mas que acalenta meu
coração...
E nesse medo sem
dimensão...
que em lágrimas transmutou
meu coração...
o medo maior era o de
faltar alguem
ao alcance da minha
mão...
quer seja filho, mãe, amor,
amigo, irmão...
medo de prosseguirem perdas
irreparáveis
sem a devida
punição...
Nesse medo que me
consome
quero tempo para te
agradecer
um sonoro "te amooooooo" dizer...
teu perdão quero
pedir
pois evidente está, que a
qualquer tempo
um de nós, sem licença ou explicação...
pode partir...
Publicado no Recanto das Letras em
18/07/2007
Código do texto:
T570442