Recaída?
Má Oliveira
 
Não queira me questionar...
Deixe o universo nos guiar,
deixe que chegue a noite,
ou que nasça o sol se assim desejar
 
que se abram os nossos lírios
e as borboletas venham meu dia colorir...
quero escancarar a janela
a vida acontecendo, me permita ouvir...
 
a realidade vou guardar na gaveta do meio...
só me importa é que você hoje veio...
 
Me dê tua boca sedenta
em curvas, já nos perdermos...
no nosso côncavo e convexo,
nos reconhecemos...
todos os medos esquecemos!
 
E que nossos corpos deslizem
nesse ritimo que só a gente tem
e não conseguimos com mais ninguem...
do pudor não sejamos reféns...
 
desalinhe este ninho
e neste emaranhado,
me deixe encontrar teu olhar enamorado...
o meu, ainda vem com a cor do pecado...
mas já não quero mais saber,
o que é certo ou errado...
 
Amanhã sei que outra vez vou chorar,
mas, neste instante,
me permita sonhar...
 
Não cobre sentimentos...
Já não sei se é amor...
isso acaba sendo estranho
quando se passa por tanta dor...
 
Recaída?
Não sei não...
talvez culpa dessa imensa solidão...
 
Não me cobre nada,
apenas me deixe me sentir amada...
delicadamente me entregar,
ou safada...
 
Amanhã, saciada...
talvez cansada...
a gaveta do meio vou abrir,
a realidade precisa prosseguir...
 
Publ. Recanto das Letras - 19/10/10 - CódTexto T2681446