Recanto das Águas

Má Oliveira

 

 

Cheiro delicioso que do córrego vem,

acompanhado do cheiro da grama molhada,

que durante a madrugada

o orvalho recebeu...

E o sol vem chegando, a água dourando, folhas brilhando...

Novo dia lindo que Deus nos deu.

Deitada na rede, a brisa da tarde me vem,

soninho que chega, no ritimo das folhas do abacateiro,

parece que cantam "nana neném"...

quem dera  possamos, desse cantinho, muito desfrutar.

até o falcão, que os pássaros espanta,

tem um vôo tão lindo, que meus olhos encanta

tirando a aranha medonha, que me vigia,

todo o demais por aqui, é sinônimo de harmonia...

Do Pica-Pau de topete vermelho, aos beija-flores sem educação

que só faltam vir beberem água, na palma da minha mão

Aprendi a conviver com o lagarto Ernesto

com a perereca não implicar ,

 tirando a aranha "zoiuda",

adoro este lugar.

Ainda me queimo no fogão a lenha,

é falta de acostumar,

não vejo a hora que chega o inverno

pra lareira poder usar...

E fico do alto olhando as frutas nascendo,

a vida acontecendo...

chego a me emocionar...

E logo vêm as maritacas a hora anunciar,

é as 9:00 e as 11:00, depois as 16 e as 17,

nem dá pra acreditar,

de tal pontualidade, nunca hei de me gabar.

E os bois que as entende, ao longe o mugido se faz ouvir,

chamando a turma toda, já é hora de ir dormir.

Num balé interessante, vão se recolhendo e

se alguem demora vir,

ganha mugido bravo e vai logo obedecendo...

dá até vontade de rir.

E neste mundinho encantado, sonho meus dias terminar.

Ao lado do homem que escolhi acompanhar.

Tá nas tuas mãos...

Basta não me decepcionar.

Estou de peito aberto pra deste amor desfrutar

 

Publicado no Recanto das Letras em 07/05/2007
Código do texto: T478032