Sem ilusão...

Má Oliveira

 

 

Aquela, nuvem,

prenuncio que esta tempestade

interna chegaria,

não me mentia...

 fingi não notar...

como se o "pra sempre" pudesse durar...

 

chegou o sal na boca, 

e o que restava da alegria,

fez enferrujar...

 

e eu que sonhava,

um jeito de me poupar...

não pude evitar...

nem meu anjo da guarda

aguentou por perto ficar...

 

sem me reconhecer,

nem pronta para recomeçar...

 

esperança me enche de cobranças,

e feito criança,

recusa-se a meia-luz continuar,

obriga-me a levantar.

Ela não entende que com esse peso todo

não dá pra voar...

exige as cores da minha vida mudar...

a ilusão não permite eu alimentar!

 

Quanto a você, só pra constar:

 

sua semeia  foi próspera

com lágrimas de sangue regada,

com teu cinismo adubada,

a hora da sua colheita é chegada...

estremeço só em pensar,

mas este fardo não te ajudarei a carregar...

"eu te desejo o suficiente"

 já deve bastar,

pros teus pecados você começar a pagar!

 

entre os que eu disse amar,

você é o único,

que nos olhos,

está me dando nojo olhar...

 

 

Publ. Recanto das Letras - 05/04/11 - Cód. Texto T2890490