Sorocaba
Má Oliveira
 
 
O interminável tapete cinza, me trazia até você...
no peito, aquele aperto...
no colo, dois filhos
no coração, o medo...
 
Em teu Ouro Fino aportei,
noites e noites,
de saudades da minha terra,
chorei...
 
Mas teu povo hospitaleiro,
teu belo Arco Íris e a enigmática Árvore Grande
foram deixando o passado distante...
 
Teu Éden conheci,
No alto da tua Boa Vista, to sempre por ali...
Além Ponte, acho que só existe por aqui.
 
No começo fiquei um pouco atrapalhada
a linguagem era meio diferenciada...
mas conheci as Sorocoisas do Marvadão, 
que acabou me dando uma mão,
então hoje eu posso dizer:
"Mudo o santo mas não paro a procissão"
 
Um quarto de século se passou
e quando eu percebi,
me peguei dizendo "Deusolivre" de ficar longe de ti!!!!
 
Em teus seios meu paizinho depositei...
mais um filho ganhei
meu marido, ao lado de meu pai, te confiei...
Novo amor encontrei e "namorandinho" fiquei.
 
E pelo tanto que você me deu e me dá...
queria te agradecer por me acolher,
mas já posso te ouvir dizer,
em alto e bom som:
"largue mão"
 
e essa légua que me separa da terra onde eu nasci,
nada mais significa pra mim,
pois foi aqui que a felicidade conheci!
 
E se nosso "leitê é quéntê"
melhor a "pórta" "incostar"
deixa "ozoutro falá"
 
Sorocaba, eu amo você!
te abandonar?
Pódi erguê!
 
Publ. Recanto da Letras em 10/08/2010 - Cód Texto 2429099