O MUNDO VIRTUAL

 

            Sempre estamos a falar e ouvir sobre o mundo virtual, mas será que realmente pensamos nele sem nos apoiar no mundo real?  Recebi dias destes um e-mail, dos muitos que recebo diariamente, que falava sobre este mundo virtual que para muitos parece maravilhoso. Em parte é, mas em parte não – basta saber usar.          

            O lado bom, a meu ver e aos olhos de muitos cidadãos de bem, são os sites que proporcionam bons textos, bom material para pesquisa e até mesmo jogos sem poder maléfico, jogos interativos, de conhecimento; pode ainda ser citado o lado do consumo de bens: a facilidade que os sites oferecem ao consumidor sem este sair de casa, mas há de se ter o cuidado devido para o não exagero. Ou, ainda, o poder que a rede virtual oferece ao usuário na propagação de seus textos – neste caso o escritor que poucas vezes lhe é concedido o acesso às grandes mídias impressas. O lado ruim é melhor até deixar sem comentar, pois muitos poderiam ignorar alguma citação para estes tidas como boas.

            Na canção ‘A casa’ Vinicius de Moraes relata ‘Era uma casa muito engraçada / não tinha teto, não tinha nada / ninguém podia entrar nela, não / porque a casa não tinha chão’ – no mundo virtual é semelhante: todo mundo se comunica, mas ninguém sabe onde está (ao menos quando há  identificação) – é engraçado, não? Teto? Menos ainda. Entrar, melhor, acessar a rede. Chão? Também não. Aliás, onde estão todos?

            Estão em todos os lugares, e ao mesmo tempo em lugar algum – simplesmente cada um em sua casa (ou em lan houses) e com uma casa virtual, com endereço e tudo mais. Pode ser o seu vizinho – mas também pode ser um outro ‘vizinho de condomínio virtual’ – os grandes provedores proporcionam isso... E passam horas a papear, a jogar... Esquecem, por hora, do mundo real – o que para muitos se torna um alívio. Por que não ir ao vizinho real e papear com ele? Ou – como disse tempos atrás aqui, conversam com os vizinhos, se achegam mais, apenas em tempos de eleição porque não conseguem ouvir tantas coisas impossíveis de se fazer. 

            Vinícius continua: ‘Ninguém podia dormir na rede / porque na casa não tinha parede / ninguém podia fazer pipi / porque pinico não tinha ali’ – aproveitando, enquanto muitos pais dormem, muitos filhos ficam na rede – e não é na rede que balança o pequeno para dormir (e, por consequência, no outro dia dormem em sala – em sala de aula!). O bate-papo, às vezes, é tão cativante que esquecem até de fazer pipi...  prejudicando, posteriormente, a saúde. Mas, pensando por outro lado, será que realmente é fascinante assim? Nos noticiários casos e mais casos de pedofilia, sequestros, entre outros – e o mundo virtual continua sem teto! Continua sem teto!

            Continuam dentro de um teto real – mas isolados do mundo real – mas acessando os lares de outros – irreais tanto quanto o que possuem no mundo virtual. Lares estes que podem possuir características ruins, como as citadas acima.

            E o poeta arremata: ‘Mas era feita com muito esmero / na rua dos bobos número zero’ – realmente! E tentamos sempre construir, assim como o poeta, a nossa casa com muito primor, mas nem sempre conseguimos – ainda mais perante os filhos (pois, aos olhos destes – apesar de nos amarem – sempre estamos deixando a desejar, salvo raras exceções).  Passamos, muitas vezes, por bobos – ou, um número zero.

            Mas não adianta pedir ao mundo que pare para poder descer – pois este não para. O modo mais correto é tratar tudo e todos com esmero, mesmo sendo achado meio bobo por alguns. Para na frente colocar um ponto no assunto – que não seja este um ‘ponto final’, mas sim uma reticência, que tal olharmos para nós, para dentro de nossos lares e buscarmos uma visão mais realista que virtual?   

 

PEDRO CÉSAR ALVES – Professor e Gestor do PEF (Paraisão) e-mail:  profppedro@hotmail.com        

 

 

 

 

 

 

 

 

Casinha Virtual

Má Oliveira

 

Acho que quando eu era pequena,

ouvia muito a música "A Casa",

de Vinicius de Moraes...

 

Então, hoje percebi:

não é que tenho uma casa

igualzinha a que ele descreve ali!!!

 

Quer casa mais engraçada,

do que a que temos nos grupinhos?

 

Nela ninguem mora,

e ainda assim,

jamais estamos sozinhos!

 

Realmente não temos teto e

nem chão...

Mas basta armar chuva em algum canto

desse planeta e já gritamos:

vou simbora, que lá vem o trovão...

 

Aqui também não temos paredes,

entramos nas outras casas,

em questão de um segundinho...

E, como dizia a Lele:

temos até "vizinho"

 

Quantas outras coisinhas

faltam nesta virtual casinha,

mas quem se importa se nela não tem banheiro,

quando encontramos tantos amigos verdadeiros?

 

E daí que não dá pra deitar?

a gente veio aqui pra dormir ou pra prosear???

 

Vinicius nos profetizou!

Em suas doces letrinhas,

nosso grupinho ele imaginou,

daí veio a internet e viabilizou.

Juntamos um bando de doidos!

 

Pronto!

 

"A Casa" do Vinicius se materializou!

 

E com toda certeza,

a nossa também é feita com muito esmero

E o carinho é sincero.

 

Mas mudamos da rua dos bobos,

lá deu xabu...

mas podem nos encontrar

na Rua do Yahoo

 

Onde há cinco anos,

picamos cartão,

com a maior satisfação...

 

O número?

não tem não,

mas é facinho de achar,

pendurada na porta, tem uma plaquinha,

e tá escrito bem grandão:

"Bem vindo ao Ex-pressão!!!"

 

Obrigada a cada um de vocês que fazem deste grupinho, a extensão do meu lar.

 

Obrigada à todos os grupinhos que sempre acolheram o

ex-pressão e permitiram que eu externasse aqui,

 o meu carinho e amor por ele.

 

 

Publ. Recanto das Letras 01/12/2010 - Cód Texto T2648265