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POESIA DO FUTURO....

CARLOS CABALINI

 

 

Olho   pro   céu,   a   lua    procuro

Eu quero um verso, uma inspiração

Não posso vê-la, está tudo escuro

Não sei rimar assim na escuridão...

 

Mas que bobagem eu tentar buscar

Versos na lua, como há mil anos

Pois para ela já nem posso olhar

Ela tem dono: é dos americanos...

 

Talvez em Marte encontre uma rima

Num  telescópio  enorme, gigante

E  possa  então  trazer   de  cima

Um lindo verso à minha amada-amante...

 

Ou em Saturno busque um lindo anel

Eu quero vê-la bem feliz, contente

Mas  como  faço se nem vejo o  céu

Está tudo cinza aqui na minha frente...

 

Mas é ficção essa minha  vontade

Já povoaram sim, todo o universo

Em cada estrela existe uma cidade

E poluíram assim todo o meu verso...

 

E foram embora, fugiram da terra

e nos deixaram aqui abandonados

hoje meus versos só rimam com guerra

com rios secos, desertos, acabados...

 

Resta o universo do meu pensamento

meu coração de plástico, implantado

o tempo é curto, um sopro, um lamento

eu sou poeta, um robô manipulado...

 

Eu sei são raros esses meus dias

há muito sou uma espécie em extinção

não faço versos, rimas, nem poesias

não  sei  rimar  amor  com  poluição...

 

Mas quando eu for um fóssil, na mesa

meu esqueleto, de pé, sendo estudado

eu  peço  a  Deus um sonho,  a realeza

de ter seus ossos, amor,  bem do meu lado...


 

Publ. Recanto das Letras em 06/09/09 - Cód. Texto T1794997