PELAS RUAS DA
CIDADE
Jorge
Linhaça
Caminho entr'as ruas da
cidade
É noite
alta!
Sint'o odor dos becos
escuros;
Dos seres perdidos na boca da
noite.
O perfume barato das
prostiutas;
O cheiro enjoante dos
beberrões;
O fétido suor dos sem
teto.
Assim caminha a
sociedade
Louca,
incauta!
Reféns escondidos atrás de
muros,
O vento cortante é gélido
açoite.
Não há respostas, apenas
perguntas.
Cada qual tem suas
próprias prisões
Cada um a sofrer suas faltas de
afeto.
Ruas que sobem e
descem
Saudades flagelam os
peitos
Amores perdidos ou nem mesmo
achados
A boemia ferve nos "points"
preferidos
Amnésia
temporária;
Esquecimento
premeditado...
Olhos fechados que fingem não
ver
Uns se divertem e outros
padecem
Na negra noite de sonhos
desfeitos
Quem passa não
vê...anestesiado.
Os GRITOS da noite não acham
ouvidos
Na surdez das
coronárias!
Um casal passeia, olhar
assustado,
Com medo do amor, quem sabe,
perder.
***