Horizonte de acrílico
Sandra Ravanini
Um horizonte corrupto, eis o que persigo;
o despertar de outro dia míope, o conflito e o nó
arranhando as portas encarceradas, sem dó...
Heróis de pó! Quero acontecer, mas não consigo.
Leio a minha vida neste jornal de acrílico
cotidiano, hino invisível onde escarro
as especiarias vocais das cordas que eu amarro
em mim, enforcando os gritos oníricos.
Os meus restos vagueiam distantes e feridos;
os meus eus endurecidos e inacabados
fantasiam a ferrugem do eu hostilizado
no papel onde rasgo às iras, o fel invertido.
Dia onde leio a ferida corrupta que em mim dói
arranhando a vida e os restos agonizados;
quero acontecer mas não consigo, ó apagado
horizonte de acrílico, eis-te, míope herói.
29/04/2008
Texto e imagem exclusivos do site
Poesia de minhas mãos
de Sandra RavaniniProibida a utilização em outros espaços.
Favor manter a antiarte.
"Uma obra que não é uma obra 'de arte'."
Marcel Duchamp
(1887-1968)
autorizado: Sandra Ravanini