Doendo em
mim...
Má
Oliveira
Vi o sangue de meu
irmão...
escorria pela tela da
televisão...
cheirava
podridão...
vi o olhar de
desespero
ouvi o grito de
dor...
seu corte profundo
exposto,
a ferida me
chocou...
o abandono o
cercava
vi o total
desamor...
Vi a briga por
dinheiro,
valendo mais que um
gemido...
mais importante do que
a dor...
vi trabalhador
ferido...
partos em
corredor...
ouvi o pedido de
socorro, por favor...
Vi uma ministra mandar
eu gozar
o dileto do
governo me roubar
fiquei meio
"idotizada"
mas meu amor por meu
povo
não
mudou...
Assistindo a dor
do meu irmão
clamo a Deus por
punição
pelo fim dessa
sujeira
que pisa a formiga
obreira
e a cigarra
fanfarreira,
estende a
mão...
E com o coração
partido
meu caminho vou
seguindo...
Confiando nessa
nação,
que deixa idosos
deitados no gélido chão
enquanto se paga
fortunas por butox e avião.
E que se ampute a
perna, braço ou mão,
que apodreçam as
feridas,
que morra por falta de
transplante de coração
que se foda essa
gente,
era só mais um meu
irmão...
que se foda eu,
se sangra o meu
coração...
essa gente já tá
acostumada a sofrer...
quem mandou eu
ver?
pra tudo tem
solução...
é só fechar o jornal e
desligar a televisão...
longe dos olhos, longe
do coração...
e desce mais uma
antártica,
aproveita traz uma porção...
e que me venham os
hipócritas falarem que
usei palavrão...
esse é o meu
grito,
meu povo, minha
nação
em vez de me criticarem
tenham alguma reação, defendam nossa gente
sejam
cidadãos.