Dura espera
Má Oliveira
 
 
Num culto involuntário
me pego diante do teu altar
elo misterioso
que o tempo não foi capaz de abalar...
 
visto o manto da saudade
que anuvia meu olhar...
falso riso em minha face...
me obrigando a disfarçar...
 
os pensamentos ainda se cruzam
neste adeus que não convenceu...
vidas interrompidas, divididas,
estranhamente... unidas...
 
e feito folha ao chão,
espero o vendaval,
que me leve até você...
e acalme meu coração
 
numa tempestade necessária
pro arco-íris atravessar...
e com tua digital novamente
me tatuar...
 
na cama, tão grande...
sufoco sem você
o abraço apertado da saudade
faz o corpo doer...
 
há quem chegue a duvidar
não tenho como explicar,
esse nós,
que a morte não conseguiu separar
 
feito fruta madura
esperando a colheita
tempo que não se estreita...
estou a murchar...
 
a porta não se fechou...
o fim não chegou...
a lágrima rolou...
a saudade não levou...
nem te afastou...
e neste oceano de dor
clamo pela hora do reencontro
com você, meu amor...
 
esperando ansiosa
ver estendidas tuas mãos carinhosas
e num leve toque em você
eu poder renascer...
 
 
 
Publicado no Recanto das Letras em 12/12/2007
Código do texto: T775020