Só mais uma ventania...
Má Oliveira
 
a brisa desvia do toque das amoreiras
e pequeninas flores desprezadas,
quedam-se ante a humilhação...
 
a Lua faz seu protesto mudo
ecoando a escuridão...
 
na tolice da sinceridade,
eis-me em tua mão...
Sobre minha cabeça, só o trovão!
 
Tua chantagem fere
feito um bofetão...
teu faro aguçado, soube me detectar
e jogar...
 
risos soltos na noite,
 por lágrimas estrangulados,
na manhã, o sol se esconde,
decepcionado...
 
Em MAIS carrasco
 te vejo transformado...
 
das verdades segues fugindo,
tuas fábulas cultuando,
por fantasmas assombrado,
obcecado!
 
Na face molhada
a saudade sofre mutação...
o corpo treme diferente
esvaiu-se o tesão...
te vejo vitorioso,
e ainda mais orgulhoso,
quando não atravesso o portão...
 
e como a amoreira humilhada,
sacudida só por ventanias,
não terei como adocicar teu verão ...
o melhor de mim
pelo chão...

 

Publicado no Recanto das Letras em 06/10/09 - Código do texto: 1851087